sábado, 23 de fevereiro de 2013

Você tem certeza que é salvo?

Uma variação desta pegunta foi feita no retiro de carnaval que eu fui. Na verdade, pediram para levantarem a mão os que não tinham certeza da própria salvação. É claro que a pergunta era uma máscara para "quem aqui ainda não aceitou a Jesus?". As pessoas que levantaram a mão foram chamadas à frente, onde foi feita uma oração para conversão, para que cressem em cristo e tivessem esta certeza, e depois foi dito a elas que elas poderiam ter certeza de que eram salvas.

É claro que eu não levantei a mão porque já sabia qual era a intenção desde o princípio. Alguém que levantasse a mão seria visto como um não crente, já conheço esse tipo de pergunta. Mas fiquei observando e questionando aquilo e é sobre este questionamento que eu escrevo agora.

Alguns momentos antes disso, o pastor havia questionado qual seria a origem do problema por tantas pessoas se afastarem. Eu creio que parte deste problema está neste tipo de mensagem passada.

Para falar sobre certeza da salvação, primeiro precisamos falar sobre a salvação. E eu já começo questionando: nós não somos salvos por termos certeza de sermos salvos, na verdade, a bíblia sequer nos orienta a isso. Nós somos salvos pela graça, mediante a fé em Cristo e mediante obras que são responsáveis por confirmar esta fé. Tendo fé, e uma fé vivificada por obras, somos salvos pela graça, e não é pré-requisito ter certeza ou não que é salvo.

Mas qual o problema que eu estou implicando tanto com essa questão da certeza? Por que eu disse que esta pode ser parte da origem daquele problema que o pastor perguntou?

O problema é que a bíblia nos ensina que devemos examinar a nós mesmos para provarmo-nos se realmente ainda permanecemos na fé em Cristo (2Co13:5). Devemos realizar esta auto-análise para que, julgando estarmos firmes, não venhamos a cair (1Co10:12). E esta é uma questão séria porque envolve não somente se acreditamos em Deus, pois até os demônios creem que só há um Deus e tremem (Tg2:19), portanto somente crer não é o que faz diferença, mas sim crer e viver o que cremos, externando nossa fé em nossos atos. A fé sem obras é morta, portanto somos salvos pela fé, mas também pelas nossas obras (mas tudo por graça, não por merecimento) (Tg2:14,24). Por este motivo, até João Batista já pregava: "Dêem frutos que mostrem o arrependimento" (Lc3:8), e da mesma forma, Jesus nos ensina que todo ramo que está nele que é a videira (veja que Jesus fala de ramos que estão nele, ou seja, cristãos) mas não dá fruto é cortado e lançado ao fogo, por isso exorta ao mesmo tempo que dá a promessa: "Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês" (Jo15).

Quanto à corrida que corremos rumo à vida eterna, corram de tal modo que alcancem o prêmio. Escravizem-se a si mesmos, se necessário esmurrem o próprio corpo para que não sejam reprovados (1Co9:24-27).

 A questão toda é: como eu vou questionar uma coisa que preciso sempre ter certeza? A dúvida, que leva à análise, é contrária à certeza; aquele que tem certeza não questiona.

Com tudo isto não quero dizer que não devemos crer na própria salvação. É claro que devemos, de algum modo, crer, pois pela fé que temos em Cristo, devemos ter a confiança que Deus é poderoso e fiel para cumprir a palavra da Salvação. A propiciação já está consumada (Jo19:30), as moradas celestiais já estão prontas (Jo14:2), e aquele que começou a boa obra em nós é poderoso para completá-la até ao dia de Cristo (Fp1:6). Além do mais, temos a confirmação que nos conforta de que, nós que cremos no nome de Jesus (lembrando que crer significa também viver de acordo), temos a vida eterna (1Jo5:13). Apenas quero que perceba que podemos sim ter a certeza que Deus salvará todo aquele que recebe a Jesus Cristo (Jo1:12), mas é pré-requisito que para isso permaneçamos firmes no evangelho. Não devemos questionar a Deus, mas devemos questionar a nós mesmos. Será que eu estou vivendo conforme Deus espera de mim? Será que tenho produzido frutos e praticado obras que tornam vivo aquilo em que creio? São perguntas sensatas, uma vez que todos nós estamos sujeitos a cair e ser reprovados. Uma vez confirmado em nosso coração que estamos firmes e com boa consciência para com Deus, não há com o que se preocupar, basta permanecer da mesma forma. Mas se não temos esta confirmação devemos tomar cuidado porque, se tivermos nos distanciado da vida com Deus, é tempo de nos arrependermos e mudarmos de posicionamento, antes que o ladrão venha (Lc12:39,40), e junto com ele, o juízo. O problema todo daquela pregação que citei do retiro é que as pessoas não são levadas a questionarem a si próprias e nem são exortadas a terem uma vida digna de arrependimento. De certa forma, são levadas a terem uma fé morta, ou seja, sem obras, sem arrependimento.
Viva, questione-se. Se preciso, mude-se!

Um abraço a todos, fiquem com Deus!

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