quarta-feira, 24 de julho de 2013

Pedro: papa ou presbítero, e a resistência de Paulo

A visita recente do papa Francisco ao Brasil me trouxe uma reflexão. Um problema que sempre atingiu a igreja católica, atinge hoje também a igreja evangélica: a infabilidade papal, e a infabilidade pastoral. Algum católico viria me dizer: "mas o papa só é infalível quando senta no trono...", e apesar de ser igualmente absurdo (você acredita mesmo que aqueles papas da idade média que cometeram tantas atrocidades ficavam bonzinhos e faziam coisas justas só quando sentavam em uma cadeira?), não quero entrar de verdade nesse ponto.
Eu sempre fui crítico das coisas que vi serem erradas, nas religiões que fossem. Ao mesmo tempo que aponto defeitos, também tento apontar acertos quando os vejo. Não sou dono da verdade, mas faço como a bíblia me orienta: julgo todas as coisas e tento exortar a todos sobre os enganos que vejo se levantar.
Grande problema, que posso afirmar com minha experiência é: católico não aceita críticas à religião. E ao lançar uma crítica dessas, me parece que sempre sou interpretado como se estivesse comparando à pior estirpe, o que não é verdade. Mas para crescer é necessário reconhecer erros, o que leva também à necessidade de saber ouvir críticas.
O segundo grande problema que eu vejo é que na igreja evangélica tem acontecido exatamente o mesmo: pastores estão tornando-se papas, tornando-se infalíveis e incriticáveis. O presbítero deve ser exemplo para o rebanho, não um dominador (1Pe5:3), mas muitos destes tem tentado exercer um domínio onde só há espaço para um, o Cristo. Passei por esta experiência e posso dizer: quem faz uma leve crítica corre o risco de ser taxado de revoltoso, divisor de igreja, ímpio, e podem tentar assassinar sua comunhão com a igreja, assim como a Igreja Católica tanto assassinou seus críticos ao longo da história. Abafa-se 2Tm4.
Vamos ao texto de hoje:

"Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável.
Pois, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios. Quando, porém, eles chegaram, afastou-se e separou-se dos gentios, temendo os que eram da circuncisão.
Os demais judeus também se uniram a ele nessa hipocrisia, de modo que até Barnabé se deixou levar.
Quando vi que não estavam andando de acordo com a verdade do evangelho, declarei a Pedro, diante de todos: 'Você é judeu, mas vive como gentio e não como judeu. Portanto, como pode obrigar gentios a viverem como judeus?'"
Gálatas 2:11-14 (NVI)

Se Pedro foi o primeiro papa, como os católicos creem, ele foi duramente criticado por Paulo. Por que tanta resistência quando se critica erros da Igreja Católica? Devemos crer que, o católico, antes de ser católico, é cristão. É um pré-requisito. O contrário não é verdade: para ser cristão não é necessário ser católico, visto que nunca se unificou uma instituição na bíblia, mas haviam várias comunidades distintas de cristãos: coríntios, hebreus, gálatas, efésios, etc. (ver carta às sete igrejas em Ap2 e 3). Sendo assim, sejam católicos sem esquecerem o que precisam ser acima disto: cristãos. Apeguem-se aos valores cristãos acima dos valores católicos: se o papa ou a instituição ensinarem algo estranho, faça como os cristãos bereanos, elogiados na bíblia porque tudo que Paulo e Silas os ensinavam, eles procuravam conferir nas escrituras se procedia (At17:10,11). Se fecharem os ouvidos às críticas para ouvir cegamente à instituição, sem procurar respostas no livro-base do cristianismo, poderão estar cometendo grave erro e poderão ser chamados de católicos, mas pode ser que deixem de poder ser chamados de cristãos alguma hora.
Da mesma forma, aos cristãos evangélicos, como querem criticar os irmãos de fé católicos se procedem de igual forma? O papa pelo menos (teoricamente) é infalível apenas quando se assenta em seu trono. Vocês nem trono tem! Aprendam que na Igreja não há cabeças senão Cristo. Pastores, aprendam que vocês não são melhores que Pedro, que foi repreendido publicamente por Paulo ao se tornar repreensível. Aprendam a crescer com as críticas, a corrigirem suas falhas, e relevarem com amor às críticas que porventura não procederem. Ao condenarem um irmão porque ele criticou algo segundo um entendimento bíblico, poderão estar usurpando o lugar de Deus e condenando a Lei de Cristo.

"Quem ouve a repreensão construtiva terá lugar permanente entre os sábios.
Quem recusa a disciplina faz pouco caso de si mesmo, mas quem ouve a repreensão obtém entendimento.
O temor do Senhor ensina a sabedoria, e a humildade antecede a honra."
Provérbios 15:31-33

Um abraço, fiquem com Deus!

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